Vivemos na tão
sonhada era da mobilidade! Ah essa mobilidade que nos permite fazer transações
bancárias, responder e-mails ou escanear um documento a partir de um aparelho
mobile com acesso à internet em qualquer lugar em que estejamos!
Enquanto para
uma vida prática os aparelhos mobile estão se tornando cada vez mais uma
necessidade, na educação, apesar das tímidas experiências, ele também oferece
muitas possibilidades.
No início de 2014 a UNESCO (Organização da Nações Unidas
para a Educação, a Ciência e a Cultura) publicou as Diretrizes de políticas da
UNESCO para a aprendizagem móvel elencando os benefícios da aprendizagem utilizando aparelhos móveis:
- Expandir o alcance e a equidade em educação
- Minimizar a interrupção educacional em áreas de conflito ou desastre
- Auxilia alunos com deficiência
- Otimiza o tempo produtivo na sala de aula
- Permite a aprendizagem em qualquer hora e lugar
- Cria novas comunidades de aprendizado
- Aproxima o aprendizado formal do informal
- Fornece avaliação e feedback imediatos
- Facilita a aprendizagem individualizada
- Potencializa a aprendizagem contínua
- Melhora a comunicação e a administração
- Maximiza a relação custo-benefício
Obviamente
para que esse recurso seja usado de maneira eficaz em sala de aula é importante
que o professor se atualize permanentemente, mantendo consciente e atualizada “a
relação entre os saberes diferentes” (PRETTO, 1999, P. 3). As Diretrizes
Curriculares Nacionais asseguram que na organização curricular é necessário
haver:
[...] estímulo à criação de métodos
didático-pedagógicos utilizando-se recursos tecnológicos de informação e
comunicação, a serem inseridos no cotidiano escolar, a fim de superar a
distância entre estudantes que aprendem a receber informação com rapidez
utilizando a linguagem digital e professores que dela ainda não se apropriaram.
(BRASIL, 2010, p.67)
E na sala de
aula? Na maioria delas essa mobilidade
ainda não chegou. Porque?
Nas Diretrizes
publicadas pela UNESCO, estão listadas também 10 recomendações para incentivar
governos na implementação de políticas públicas do uso do celular como recurso
pedagógico, são elas:
- Criar ou atualizar políticas ligadas ao aprendizado mobile
- Conscientizar sobre sua importância no contexto educacional
- Ampliar e melhorar opções de conexão
- Ter acesso igualitário através do desenvolvimento de estratégias
- Garantir igualdade de gênero
- Criar e aperfeiçoar conteúdo educacional para mobile
- Treinar professores para o uso pedagógico de tecnologia mobile
- Capacitar educadores através de tecnologias móveis
- Promover o uso seguro, saudável e responsável de tecnologia mobile
- Usar tecnologia para melhorar a comunicação e a gestão educacional
Um dos fatores
para a dificuldade do uso da mobilidade em sala de aula é seu acesso. Para que
ele aconteça torna-se necessário que os integrantes de um determinado ambiente
tenham um parelho mobile, acesso à internet wifi
(de preferência) e conhecimento em sua utilização pedagógica. Muitas escolas,
em especial as públicas, possuem velocidade de internet que não viabiliza o uso
do wifi.
Outro
dificultador encontrado são os mitos em torno do que ele pode ocasionar quando
utilizado pelos alunos em horário de aula. Aqui iremos destacar alguns deles e
desmistificá-los.
Dentre os
vários mitos existentes Rodrigues, (2015) aponta três de importante
consideração. Como primeiro mito destacaremos a concorrência “desleal”. Para
muitos esses parelhos são fortes concorrentes porque disponibilizam a
comunicação entre alunos sem o conhecimento do professor. O que não se pode
esquecer é que mesmo antes da existência dos aparelhos móveis os estudantes se
distraíam com outras coisas como revistas, bilhetes, conversas e até mesmo
sonhos. Então, neste caso, o que muda é a ferramenta e não a ação. Para
Rodrigues (2015) o que acontece é o desinteresse pelo que está sendo
apresentado.
Um segundo
mito é que os alunos utilizam os aparelhos para “colar”. Ora a “cola” não se
trata de um assunto antigo? Esse tipo de atitude sempre foi utilizado por
alunos mesmo antes da invenção de aparelhos mobile. Relembrando a época de
escola podemos citar vários métodos: pequenos papéis com informações sobre o
conteúdo da prova, códigos entre os alunos, escritas em partes do corpo, etc.
Quem nunca leu nas redes sociais, postagens de avaliações mal formuladas onde o
aluno, ironicamente, apresenta respostas muito distantes do esperado. Há
avaliações que não requer como resposta o que realmente o aluno conseguiu
aprender e sim respostas decoradas. Outro tipo de avaliação são as que
apresentam várias alternativas (incluindo “pegadinhas”) para que o aluno
consiga assinalar a correta. Mas avaliações onde o raciocínio é fundamental
para uma resposta adequada, não permite o uso desse tipo de artifício.
Ainda outro
mito apontado é o uso ético das informações conseguidas através da internet.
Muitos alegam que com a utilização de aparelhos móveis, os alunos podem
utilizar informações para agredir outros. Esse tipo de atitude é recorrente
desde os primórdios. O bullying não apareceu com os recursos tecnológicos. Ele
é uma prática antiga que deve ser reprimida através da formação ética e moral
presente na escola. Quanto a isso a Lei Nº 13.185 de 06 de novembro de 2015, institui
o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) fundamentando as
ações do Ministério e das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação.
É importante
revermos nossos conceitos no que diz respeito ao uso de parelhos mobile em sala
de aula levando em consideração a oportunidade existente e ampliada pelos
recursos tecnológicos.
O que se
pretende com esse texto não é apontar culpados e vítimas, mas sim conduzir a
uma reflexão eficaz sobre o uso de recursos modernos na educação. Obviamente
para o uso de qualquer recurso necessitamos de regras e objetivos claros para
todos os envolvidos, alunos, professores, grupo gestor e funcionários dos
ambientes educacionais. Nenhum recurso quando utilizado sem que um bom
planejamento seja feito pode conduzir a um resultado eficaz.
Por Rosa Lamana
Bibliografia
BRASIL. Lei Nº 13.185. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13185.htm
Acesso em 20/10/2016
PORVIR. 10 dicas e 13 motivos
para usar celular na aula. http://porvir.org/10-dicas-13-motivos-para-usar-celular-na-aula/
PRETTO, Nelson de Luca. Políticas Públicas Educacionais:
dos materiais didáticos aos
multimídias. Trabalho apresentado na Reunião
Anual da ANPEd, 22ª. Caxambu, Minas
Gerais, 1999. Anais ... São Paulo/SP: ANPEd, 1999.
RODRIGUES, Danielle Maride Souza
Alves. O uso do celular como ferramenta pedagógica. Porto Alegre, UFRS. 2015.
Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/134444/000986009.pdf?sequence=1
Acesso em 03/10/2016.
UNESCO. Diretrizes de políticas
da UNESCO para a aprendizagem móvel. Brasília: UNESCO, 2014
UNESCO, O futuro da Aprendizagem
móvel: implicações para planejadores e gestores de políticas. Brasília: UNESCO,
2014
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