segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Mobilidade na sala de aula- Suas possibilidade e mitos!

Vivemos na tão sonhada era da mobilidade! Ah essa mobilidade que nos permite fazer transações bancárias, responder e-mails ou escanear um documento a partir de um aparelho mobile com acesso à internet em qualquer lugar em que estejamos!
Enquanto para uma vida prática os aparelhos mobile estão se tornando cada vez mais uma necessidade, na educação, apesar das tímidas experiências, ele também oferece muitas possibilidades.
No início de 2014 a UNESCO (Organização da Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) publicou as Diretrizes de políticas da UNESCO para a aprendizagem móvel elencando os benefícios da aprendizagem utilizando aparelhos móveis:

- Expandir o alcance e a equidade em educação
- Minimizar a interrupção educacional em áreas de conflito ou desastre
- Auxilia alunos com deficiência
- Otimiza o tempo produtivo na sala de aula
- Permite a aprendizagem em qualquer hora e lugar
- Cria novas comunidades de aprendizado
- Aproxima o aprendizado formal do informal
- Fornece avaliação e feedback imediatos
- Facilita a aprendizagem individualizada
- Potencializa a aprendizagem contínua
- Melhora a comunicação e a administração
- Maximiza a relação custo-benefício



Obviamente para que esse recurso seja usado de maneira eficaz em sala de aula é importante que o professor se atualize permanentemente, mantendo consciente e atualizada “a relação entre os saberes diferentes” (PRETTO, 1999, P. 3). As Diretrizes Curriculares Nacionais asseguram que na organização curricular é necessário haver:
[...] estímulo à criação de métodos didático-pedagógicos utilizando-se recursos tecnológicos de informação e comunicação, a serem inseridos no cotidiano escolar, a fim de superar a distância entre estudantes que aprendem a receber informação com rapidez utilizando a linguagem digital e professores que dela ainda não se apropriaram. (BRASIL, 2010, p.67)

E na sala de aula?  Na maioria delas essa mobilidade ainda não chegou. Porque?
Nas Diretrizes publicadas pela UNESCO, estão listadas também 10 recomendações para incentivar governos na implementação de políticas públicas do uso do celular como recurso pedagógico, são elas:
- Criar ou atualizar políticas ligadas ao aprendizado mobile
- Conscientizar sobre sua importância no contexto educacional
- Ampliar e melhorar opções de conexão
- Ter acesso igualitário através do desenvolvimento de estratégias
- Garantir igualdade de gênero
- Criar e aperfeiçoar conteúdo educacional para mobile
- Treinar professores para o uso pedagógico de tecnologia mobile
- Capacitar educadores através de tecnologias móveis
- Promover o uso seguro, saudável e responsável de tecnologia mobile
- Usar tecnologia para melhorar a comunicação e a gestão educacional

Um dos fatores para a dificuldade do uso da mobilidade em sala de aula é seu acesso. Para que ele aconteça torna-se necessário que os integrantes de um determinado ambiente tenham um parelho mobile, acesso à internet wifi (de preferência) e conhecimento em sua utilização pedagógica. Muitas escolas, em especial as públicas, possuem velocidade de internet que não viabiliza o uso do wifi.
Outro dificultador encontrado são os mitos em torno do que ele pode ocasionar quando utilizado pelos alunos em horário de aula. Aqui iremos destacar alguns deles e desmistificá-los.
Dentre os vários mitos existentes Rodrigues, (2015) aponta três de importante consideração. Como primeiro mito destacaremos a concorrência “desleal”. Para muitos esses parelhos são fortes concorrentes porque disponibilizam a comunicação entre alunos sem o conhecimento do professor. O que não se pode esquecer é que mesmo antes da existência dos aparelhos móveis os estudantes se distraíam com outras coisas como revistas, bilhetes, conversas e até mesmo sonhos. Então, neste caso, o que muda é a ferramenta e não a ação. Para Rodrigues (2015) o que acontece é o desinteresse pelo que está sendo apresentado.
Um segundo mito é que os alunos utilizam os aparelhos para “colar”. Ora a “cola” não se trata de um assunto antigo? Esse tipo de atitude sempre foi utilizado por alunos mesmo antes da invenção de aparelhos mobile. Relembrando a época de escola podemos citar vários métodos: pequenos papéis com informações sobre o conteúdo da prova, códigos entre os alunos, escritas em partes do corpo, etc. Quem nunca leu nas redes sociais, postagens de avaliações mal formuladas onde o aluno, ironicamente, apresenta respostas muito distantes do esperado. Há avaliações que não requer como resposta o que realmente o aluno conseguiu aprender e sim respostas decoradas. Outro tipo de avaliação são as que apresentam várias alternativas (incluindo “pegadinhas”) para que o aluno consiga assinalar a correta. Mas avaliações onde o raciocínio é fundamental para uma resposta adequada, não permite o uso desse tipo de artifício.
Ainda outro mito apontado é o uso ético das informações conseguidas através da internet. Muitos alegam que com a utilização de aparelhos móveis, os alunos podem utilizar informações para agredir outros. Esse tipo de atitude é recorrente desde os primórdios. O bullying não apareceu com os recursos tecnológicos. Ele é uma prática antiga que deve ser reprimida através da formação ética e moral presente na escola. Quanto a isso a Lei Nº 13.185 de 06 de novembro de 2015, institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying) fundamentando as ações do Ministério e das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação.
É importante revermos nossos conceitos no que diz respeito ao uso de parelhos mobile em sala de aula levando em consideração a oportunidade existente e ampliada pelos recursos tecnológicos.
O que se pretende com esse texto não é apontar culpados e vítimas, mas sim conduzir a uma reflexão eficaz sobre o uso de recursos modernos na educação. Obviamente para o uso de qualquer recurso necessitamos de regras e objetivos claros para todos os envolvidos, alunos, professores, grupo gestor e funcionários dos ambientes educacionais. Nenhum recurso quando utilizado sem que um bom planejamento seja feito pode conduzir a um resultado eficaz.

Por Rosa Lamana

Bibliografia

BRASIL. Lei Nº 13.185. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13185.htm Acesso em 20/10/2016
PORVIR. 10 dicas e 13 motivos para usar celular na aula. http://porvir.org/10-dicas-13-motivos-para-usar-celular-na-aula/
PRETTO, Nelson de Luca. Políticas Públicas Educacionais: dos materiais didáticos aos
multimídias. Trabalho apresentado na Reunião Anual da ANPEd, 22ª. Caxambu, Minas
Gerais, 1999. Anais ... São Paulo/SP: ANPEd, 1999.
RODRIGUES, Danielle Maride Souza Alves. O uso do celular como ferramenta pedagógica. Porto Alegre, UFRS. 2015. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/134444/000986009.pdf?sequence=1 Acesso em 03/10/2016.
UNESCO. Diretrizes de políticas da UNESCO para a aprendizagem móvel. Brasília: UNESCO, 2014
UNESCO, O futuro da Aprendizagem móvel: implicações para planejadores e gestores de políticas. Brasília: UNESCO, 2014


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